31 dezembro 2004

No prato


Henri Matisse


Music. 1939. Oil in canvas. Albright-Knox Art Gallery, Buffalo, NY, USA.

Henri-Émile-Benoît Matisse was born on 31 December 1869 in
Cateau-Cambresis, in the north of France.

30 dezembro 2004

No caminho com Maiakóvski

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

Eduardo Alves da Costa

Estratégia Oblíqua para hoje

Humanise something free of error

Max Pechstein


Early Morning, c. 1921, oil on canvas, 32 1/4 x 39 3/4 inches, Portland Art Museum

Max Pechstein was born December 30, 1881, Zwickau, Germany.

29 dezembro 2004

Estratégia Oblíqua para hoje

Do the words need changing?

Jean-Baptiste Joseph Pater


Concert Champetre, 1734, Oil on canvas, Musee des Beaux-Arts, Valenciennes

Jean-Baptiste Joseph Pater was born 29 December 1695, in Valenciennes, France.

28 dezembro 2004

Estratégia Oblíqua para hoje

Be extravagant

Philip Wilson Steer


What of the War?, c. 1881, Oil on canvas, 91.4 x 70.5 cm, Tate Gallery, London

Philip Wilson Steer was born on 28 December 1860, at Birkenhead, Merseyside, England.

27 dezembro 2004

À cabeceira

Lido

Pintar não é mais que renunciar a tudo o que não se pode
pintar.

in Bartleby & Companhia, de Enrique Vila-Matas

Estratégia Oblíqua para hoje

Ghost echoes

26 dezembro 2004

Vicente March y Marco


El prestidigitador

Vicente March y Marco was born on 27 December 1859.

Bom ano novo?

A partir do 1 de Janeiro de 2005, o comércio de produtos têxteis e do vestuário será sujeito às regras gerais do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), que proscrevem a aplicação de restrições quantitativas à importação.

[+]

Portugal no seu melhor


Maurice Utrillo


St. Peter’s Church in Montmartre, December 1930, gouache on paper, 495 x 653 mm.

Maurice Valadon was born on December 26, 1883 in the Montmartre quarter of Paris, France.

25 dezembro 2004

Dia de Natal

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão

Abraham Bloemaert


Adoration by Shepherds and Angels, 1612, Oil on canvas, 287 x 229 cm, Musée du Louvre, Paris.

Abraham Bloemaert was born on 25 December 1564, in Gorinchem [now in The Netherlands].

24 dezembro 2004

Feliz Natal

Geseënde Kersfees
Enkwan laberhana ledat abaqqawot
Melkam amat ba`al yehunellachihu
Milad Majid
Milad Saeed
Feliz Navidad
Shenoraavor Nor Dari yev Pari Gaghand
Vesele Vanoce
Nedeleg laouen na bloavezh mat
Tchestita Koleda
Tchestito Rojdestvo Hristovo
Soursdey Noel
Sheng Dankuai Le
Sing Daan Faai Lok
Nadelik Lowen
Sretan Bozic
Velike Vanoce
Glædelig Jul
Vrolijk Kerstfeest
Merry Christmas
'Ave a bonza Chrissy, Mate
Happy Christmas
Gojan Kristnaskon
Roomsaid Joulu Puhi
Christmas-e-shoma mobarak bashad
Gleðilig Jól
Maligayang Pasko
Hauskaa Joulua
Joyeux Noël
Noflike Krystdagen en in protte Lok en Seine yn it Nije Jier
Nollaig Shona Dhuit
Froehliche Weihnachten
Kala Christouyenna
Mele Kalikimaka
Mo'adim Lesimkha. Chena tova
Shub Badadin
Kellemes Karacsonyi unnepeket
Gledileg Jol
Tamil Nadu - Christmas Vaazthukkal
Selamat Hari Natal
Idah Saidan Wa Sanah Jadidah
Nollaig Shona Duit
Buon Natale
Meri Kurisumasu
QISmaS Quch Daghajjaj
Sung Tan Jul Chuk Ha
Prieci'gus Ziemsve'tkus un Laimi'gu Jauno Gadu
Linksmu Kaledu
Selamat Hari Natal dan Tahun Baru
Il-Milied it-tajjeb
Meri Kirihimete
Merry Kashmis
Meri Christmas
Happy Christmas
Gledelig Jul
En frehlicher Grischtdaag
Felices Fiestas
Feliz Navidad
Wesolych Swiat Bozego Narodzenia
Feliz Natal
Hacahi Ke Eide
Sarbatori Fericite
S Rozhdestvom Kristovym
Hristos se rodi
Sretan Bozic
Vesele vianoce
Manuea le Karisimasi
Nollaig chridheil huibh
Vesele Vianoce. A stastlivy Novy Rok
Srecen Bozic
Feliz Navidad
Heri ya Krismasi
God Jul
Maligayang Pasko
Ia ora'na no te noere
Santhasa Krismas
Suksan Christmas
Noeliniz Ve Yeni Yiliniz Kutlu Olsun
Z Rizdvom Krystovym
Veselogo Rizdva
Shadae Christmas
Yangi Yiligiz Mubarak Bolsun
Chuc Mung Giang Sinh
Nadolig Llawen

Wayne Shorter

Footprints é a nova biografia de Wayne Shorter por Michelle Mercer.

[+]




Pois...

Hans von Marées


The Oarsmen, 1873, Oil on canvas, Nationalgalerie, Berlin.

Hans von Marées was born in Elberfeld, Germany, on December 24, 1837.

23 dezembro 2004

Books on books

Livros sobre livros que os seus autores lêem.





[+]

Lido

Pintar não é mais que renunciar a tudo o que não se pode pintar.

Enrique Vilas-Matas, Bartleby & Companhia

Estratégia Oblíqua para hoje

Gardening, not architecture

John Marin


Nassau Street, NY, c.1912, Graphite and watercolor on paper, 9 1/8 x 7 1/4 inches

John Marin was born December 23, 1870, in Rutherford, New Jersey.

22 dezembro 2004

Feiticeira

De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada

De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado

De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido

De que fontes de que águas
De que chão de que horizonte
De que neves de que fráguas
De que sedes de que montes
De que norte de que lida
De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida.

Letra: Francisco Viana
Música: Luís Represas

Estratégia Oblíqua para hoje

Question the heroic approach

John Crome, "The Old"


Norwich River: Afternoon, c.1812-19, oil on canvas, 71 x 99.5 cm.

John Crome was born December 22, 1768, in Norwich, Norfolk, England.

21 dezembro 2004

FZ

Hoje recebi da Amazon.co.uk este livro.

Lá dentro:

Chapter I
What's new in Baltimore?

On December 21, 1940, the birth of Francis Vincent Zappa Jr. ll (by his own terminology) was.

O Inverno

Está aí. Às 12h42m.

Thomas Couture


Les Romains de la Décadence, 1847, peinture à l'huile sur toile, 7,75 m x 4,66 m, Musée d'Orsay

Thomas Couture was born at Senlis (Oise), France, on the 21st December 1815.

Amar não acaba

Há duas horas, comecei a ler Amar não acaba, de Frederico Lourenço.

Acabei de o ler agora.

20 dezembro 2004

Os dez concertos de 2004

Kraftwerk - Coliseu de Lisboa

Os dez álbuns de 2004

Fennesz - Venice
Akira Rabelais - Spellewauernygesherde
Fripp & Eno - Equatorial Stars
Elis & Tom - Elis Regina e Tom Jobim
Flat Earth Society - Isms
Tin Hat Trio - Book of Silk
Blue Nile - High
Bill Frisell - Unspeakable

Van der Graaf Generator, muitos anos depois

Peter Hammill, Hugh Banton, David Jackson e Guy Evans, a.k.a Van der Graaf Generator, vão dar um concerto único no Royal Festival Hall em Londres, no dia 6 de Maio de 2005.
Nem pensem nisso: os bilhetes já estão esgotados.

A não perder

ÓPERA DO MALANDRO
Musical de Chico Buarque
Produção: MANDRAKE PRODUÇÕES

26, 27, 28 Fevereiro, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 Março 2005
às 21h e às 15h nos dias 27 de Fevereiro e 6 de Março Grande Auditório
Duração: 3 horas com intervalo

Obra-prima do teatro musical de Chico Buarque estreia em Fevereiro em Portugal numa remontagem sumptuosa.

A superprodução assinada por Charles Möeller (direção, cenários e figurinos) e Cláudio Botelho faz uma pausa nos palcos brasileiros e traz o Barão da Ralé para os palcos portugueses, 25 anos depois de sua estréia, e depois de um sucesso estrondoso e casas lotadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, com mais de 300 mil bilhetes vendidos.

Irresistivelmente charmoso e sedutor, o contrabandista Max Overseas, personagem-título do musical A Ópera do Malandro, está na praça outra vez e vai percorrer – caminhando na ponta dos pés - as ruas da Lapa carioca dos anos 40. O musical de Chico Buarque, inspirado na Ópera do Mendigo de John Gay e na Ópera dos Três Vinténs de Brecht/Weill, sobe aos palco do CCB e do Coliseu do Porto.

Esta montagem grandiosa faz jus às mais belas canções da música brasileira, compostas para esta peça. Trata-se da, mais que merecida, homenagem a esta obra-prima, proporcionando aos espectadores uma encenação de primeiríssima linha e grande impacto artístico e técnico.

Desde sua estréia no Rio de Janeiro, em agosto de 2003, o espetáculo lotou inteiramente o Teatro Carlos Gomes (tradicional reduto das revistas na antiga capital federal brasileira). Rapidamente a Ópera do Malandro se configurou como um dos mais impactantes fenómenos de público e crítica já vistos na cidade do Rio. Capturou a unanimidade da emoção de quem assistiu, impressionou pela lotação sempre antecipada da casa, foi abençoada pelo carinho do próprio autor - Chico foi aos ensaios e ao espetáculo, mandando flores a todos.

Com direcção, cenários e figurinos de Charles Möeller e direção musical de Cláudio Botelho, a Ópera do Malandro volta ao palco com vinte atores em cena, um elenco de raro talento que canta, dança e representa como poucos no país. Os intérpretes – dos consagrados Lucinha Lins e Mauro Mendonça a revelações como Alexandre Schumacher e Alessandra Maestrini – estão acompanhados ao vivo por uma orquestra de 12 músicos.

A cenografia de Charles Möeller reconstrói o espaço cénico. São três palcos giratórios, montados num cenário de três andares. Os figurinos, cerca de 75, também assinados pelo diretor, foram confeccionados com estampas especialmente desenhadas. O cuidado técnico detalhadíssimo prevê microfones de cabeça e três mesas de som, sendo uma delas digital de última geração.

“Sim, somos buarquemaníacos” dizem Charles e Cláudio.“ O que vocês vão ver nos palcos portugueses é a nossa paixão pela obra deste compositor/autor. Não há uma única palavra que não tenha sido escrita por ele. Adaptou-se um pouco, mas a estrutura das cenas, nunca os diálogos; cortou-se apenas o necessário para que o espetáculo durasse o tempo justo do prazer”.

Entre deusas e bofetões, entre parangolés e patrões: enredo e elenco

O cenário é a Lapa carioca das prostitutas e da pancadaria; o período, a década de 40, com a Guerra assolando o mundo e mandando seus ecos para o Brasil. A Ópera do Malandro põe em cena a rivalidade entre o contrabandista Max Overseas (Alexandre Schumacher) e Fernandes de Duran (Mauro Mendonça), o dono dos prostíbulos da Lapa.

Bem no meio da briga está Terezinha (Soraya Ravenle), a filha única de Duran e de Vitória (Lucinha Lins) que se casa com Max sob as bênçãos do Inspetor Chaves, o Tigrão (Cláudio Tovar), que “trabalha” para ambos os contraventores. O casamento é o golpe final na família Duran: o desgosto dos pais de Terezinha – e, naturalmente, a ameaça aos negócios - é o gatilho da trama em que todos tentam tirar vantagem de todos. A peça criou ainda outros personagens inesquecíveis como Geni (vivido por Thelmo Fernandes e Sandro Christopher) e Lucia (Alessandra Maestrini), a filha de Tigrão e rival de Terezinha.

Um samba em homenagem à nata da malandragem - As canções da peça

Costurada pelas obras-primas de Chico Buarque, a Ópera do Malandro é “uma história viva e pulsante, um musical sobre o poder”, definem Charles Möeller e Cláudio Botelho. “Incluímos algumas das músicas feitas para a versão do cinema, assim como as canções cortadas da versão original”, dizem os directores. E os olhos e ouvidos do público ganham a ciranda feita dos clássicos Palavra de Mulher, O Meu Amor, Uma Canção Desnaturada (Curuminha), Homenagem ao Malandro, Folhetim, Viver do Amor, Geni e o Zepelim, As Muchachas de Copacabana e Pedaço de Mim, entre outras – num total de 20 canções.

Os antecedentes:A ópera do Mendigo de John Gay em 1728, ...Três vinténs de Brecht/Weill em 1928 e a Ópera do Malandro em 1978.

Baseada em The Beggar’s Opera, de John Gay - a Ópera dos Três Vinténs de Bertolt Brecht (1898-1956) e de Kurt Weill (1900-1950) -, estreou em Berlim em 1928, contando a derrocada do elegante anti-herói Machead/Mac The Knife, cercado de mendigos, prostitutas, ladrões e vigaristas. Brecht adaptou a peça de Gay, que havia estreado duzentos anos antes na Inglaterra, reforçando o entrelaçamento do gênero refinado com os temas e as situações do submundo.

Chico Buarque, em 1978, declarou que a sua Ópera do Malandro “é um texto novo, em cima da Ópera do Mendigo, com detalhes de Brecht”. No elenco da montagem original, dirigida por Luiz Antonio Martinez Corrêa, estavam Otávio Augusto (Max), Marieta Severo (Terezinha), Elba Ramalho (Lucia) e Emiliano Queiroz (Geni).

Os bilhetes já estão à venda aqui, que foi também de onde foi extraido este texto.

In memoriam - Carl Sagan, 20.12.1996

Con su optimismo característico frente a una ambigüedad inquietante, Carl concluye así esta obra suya, prodigiosa, apasionada y asombrosamente original, en la que salta con audacia de una ciencia a otra.

Tan sólo unas semanas después, a comienzos de diciembre, se sentó a la mesa para cenar y observó, con un gesto de extrañeza, su plato favorito. No sentía apetito. En tiempos mejores, mi familia siempre se había enorgullecido de lo que llamábamos «wodar», un mecanismo interno que escruta incesantemente el horizonte a la búsqueda de los primeros indicios de un próximo desastre. Durante nuestros dos años en el valle de las sombras, el wodar había permanecido siempre en estado de alerta máxima. En esa montaña rusa de esperanzas que se desplomaban, se alzaban y volvían a caer, incluso la más leve alteración de un solo aspecto de la condición física de Carl hacía sonar todos los timbres de alarma.
Nuestras miradas se cruzaron fugazmente. De inmediato comencé a dar forma a una hipótesis benigna para explicar aquella súbita falta de apetito. Como de costumbre, razoné que no debía de guardar ninguna relación con la enfermedad, que sólo debía de tratarse de un desinterés pasajero por la comida en el que una persona sana jamás repararía. Carl consiguió esbozar una sonrisa y dijo: «Quizá.» Sin embargo, a partir de aquel momento tuvo que obligarse a comer y sus fuerzas menguaron visiblemente. Pese a todo, insistió en cumplir un compromiso contraído hacía ya tiempo y pronunciar aquella misma semana dos conferencias en el área de la bahía de San Francisco. Cuando regresó a nuestro hotel tras la segunda charla estaba exhausto. Llamamos a Seattle.

Los médicos nos apremiaron a volver de inmediato al Hutch. Me aterraba tener que decir a Sasha y a Sam que no regresaríamos a casa al día siguiente, como les habíamos prometido; que en lugar de ello haríamos un cuarto viaje a Seattle, lugar que se había convertido para nosotros en sinónimo de horror. Los chicos se quedaron de una pieza. ¿Cómo disipar convincentemente sus temores de que aquello podía acabar, al igual que en las tres ocasiones anteriores, en otra estancia de seis meses lejos de casa o, según sospechó Sasha, en algo mucho peor? Una vez más recurrí a mi mantra estimulante: «Papá quiere vivir. Es el hombre más valiente y fuerte que conozco. Los médicos son los mejores que hay en el mundo ... » Sí, tendríamos que postergar la Hanuca- pero en cuanto papá se restableciera...

Al día siguiente, en Seattle, una radiografía reveló que Carl padecía una neumonía de causa desconocida. Los repetidos análisis no lograron determinar si su origen era bacteriano, viral o fúngico. La inflamación de sus pulmones constituía tal vez una reacción tardía a la dosis letal de radiaciones que había recibido seis meses antes como preparación para el último trasplante de médula ósea. Unas grandes dosis de esteroides sólo consiguieron aumentar sus sufrimientos y no hicieron ningún bien a sus pulmones. Los médicos empezaron a prepararme para lo peor. A partir de entonces, cuando iba por los pasillos del hospital encontraba en los rostros familiares del personal expresiones harto diferentes. Me esquivaban y rehuían mi mirada. Era preciso que viniesen los chicos. Cuando Carl vio a Sasha, pareció operarse en su condición un cambio milagroso. «Bella, bella Sasha exclamó-. No sólo eres bella, sino también maravillosa.» Le dijo que si conseguía sobrevivir sería en parte por la fuerza que le brindaba su presencia. Durante unas cuantas horas los monitores del hospital registraron lo que parecía un cambio completo. Mis esperanzas aumentaron, pero en el fondo no podía dejar de advertir que los médicos no compartían mi entusiasmo. Vieron aquella momentánea recuperación como lo que era, «veranillo de otoño», la breve pausa del organismo antes de su pugna final.

-Esto es un velatorio -me dijo serenamente Carl-. Voy a morir.

-No -protesté-. Lo superarás como ya hiciste antes, cuando parecía que no quedaban esperanzas.

Se volvió hacia mí con el mismo gesto que yo había contemplado incontables veces en las discusiones y escaramuzas de nuestros 20 años de escribir juntos y de amor apasionado. Con una mezcla de buen humor y escepticismo, pero, como siempre, sin vestigio de autocompasión, repuso escuetamente:

-Bueno, veremos quién tiene razón ahora.

Sam, de cinco años ya, fue a ver a su padre por última vez. Aunque Carl luchaba por respirar y le costaba hablar, consiguió sobreponerse para no asustar al menor de sus hijos.

-Te quiero, Sam -fue todo lo que logró musitar.

-Yo también te quiero, papá -dijo Sam con tono solemne.

Desmintiendo las fantasías de los integristas, no hubo conversión en el lecho de muerte, ni en el último minuto se refugió en la visión consoladora de un cielo o de otra vida. Para Carl, sólo importaba lo cierto, no aquello que sólo sirviera para sentirnos mejor. Incluso en el momento en que puede perdonarse a cualquiera que se aparte de la realidad de la situación, Carl se mostró firme. Cuando nos miramos fijamente a los ojos, fue con la convicción compartida de que nuestra maravillosa vida en común acababa para siempre.

Todo comenzó en 1974, en una cena que ofrecía Nora Ephron en Nueva York. Recuerdo lo guapo que me pareció Carl, con su deslumbrante sonrisa y la camisa remangada. Hablamos de béisbol y de capitalismo, y me asombró hacerle reír de tan buena gana. Pero Carl estaba casado y yo prometida a otro hombre. Los cuatro empezamos a salir, intimamos y pronto empezamos a trabajar juntos. En las ocasiones en que Carl y yo nos quedábamos solos, la atmósfera era eufórica y electrizante, pero ninguno de los dos reveló un atisbo de sus verdaderos sentimientos. Habría sido impensable.

A comienzos de la primavera de 1977, la NASA invitó a Carl a crear una comisión para seleccionar el contenido del disco que llevaría cada uno de los vehículos espaciales Voyager 1 y 2. Tras un ambicioso reconocimiento de los planetas exteriores y de sus satélites, la gravitación expulsaría del sistema solar las dos naves. Se presentaba, pues, la oportunidad de enviar un mensaje a posibles seres de otros mundos y épocas. Podría ser algo mucho más complejo que la placa que Carl, su esposa Linda Salzman y el astrónomo Frank Drake habían incluido en el Pioneer 10. Aquello fue un primer paso, pero se trataba esencialmente de una placa de matrícula. En el disco de los Voyager figurarían saludos en 60 lenguas humanas, el canto de una ballena, un ensayo sonoro sobre la evolución, 116 fotografías de la vida en la Tierra y 90 minutos de música de una maravillosa diversidad de culturas terrestres. Los técnicos calcularon que aquellos discos de oro podrían durar 1.000 millones de años.

¿Cuánto es un millar de millones de años? Dentro de 1.000 millones de años los continentes de la Tierra habrán cambiado tanto que no reconoceríamos la superficie de nuestro propio planeta. Hace 1.000 millones de años las formas más complejas de la vida en la Tierra eran bacterias. En plena carrera armamentística, nuestro futuro, incluso a corto plazo, parecía una perspectiva dudosa. Quienes tuvimos el privilegio de crear el mensaje de los Voyager obramos con la sensación de realizar una misión sagrada. Resultaba concebible que, al estilo de Noé, estuviésemos construyendo el arca de la cultura humana, el único artefacto que sobreviviría en un futuro inimaginablemente remoto.

Durante mi ardua búsqueda del más valioso fragmento de música china, telefoneé a Carl y le dejé un mensaje en su hotel de Tucson, adonde había acudido para pronunciar una conferencia. Una hora más tarde sonó el teléfono en mi apartamento de Manhattan. Descolgué y oí su voz:

-Acabo de volver a mi habitación y he encontrado un mensaje que decía «Llamó Annie»; entonces me pregunté: «¿Por qué no habrá dejado ese mensaje hace diez años?»

-Pensaba hablarte de eso, Carl -respondí con tono de broma. Y luego más seria añadí-: ¿Para siempre?

-Sí, para siempre -respondió con ternura-. ¿Quieres casarte conmigo?

-Sí -contesté.

En aquel momento experimentamos lo que debe de sentirse al descubrir una nueva ley de la naturaleza. Era un eureka, el momento de la revelación de una gran verdad, que confirmarían incontables pruebas a lo largo de los 20 años siguientes. Sin embargo, suponía también asumir una responsabilidad ¡limitada. ¿Cómo podría volver a sentirme bien fuera de ese mundo maravilloso una vez que lo había conocido? Era el 1 de junio, la fiesta de nuestro amor. Luego, cuando uno de los dos se mostraba poco razonable con el otro, la invocación del 1 de junio solía hacer entrar en razón a la parte ofensora. . Antes, en otra ocasión, había preguntado a Carl si uno de esos supuestos extraterrestres de dentro de 1.000 millones de años sería capaz de interpretar las ondas cerebrales del pensamiento de alguien. «¡Quién sabe! Mil millones de años es mucho, muchísimo tiempo. ¿Por qué no intentarlo, suponiendo que será posible?», fue su respuesta.

Dos días después de aquella llamada telefónica que cambió nuestras vidas, fui a un laboratorio del hospital Bellevue, de Nueva York, y me conectaron a un ordenador que convertía en sonidos todos los datos de mi cerebro y de mi corazón. Durante una hora había repasado la información que deseaba transmitir. Empecé pensando en la historia de la Tierra y de la vida que alberga. Del mejor modo que pude intenté reflexionar sobre la historia de las ideas y de la organización social humana. Pensé en la situación en que se encontraba nuestra civilización y en la violencia y la pobreza que convierten este planeta en un infierno para tantos de sus habitantes. Hacia el final me permití una manifestación personal sobre lo que significaba enamorarse.

Carl tenía mucha fiebre. Seguí besándolo y frotando mi cara contra su ardiente mejilla sin afeitar. El calor de su piel era extrañamente tranquilizador. Quería que su vibrante ser físico se convirtiera en un recuerdo sensorial grabado en mí de manera indeleble. Me debatía entre el afán de animarlo a luchar y el deseo de verlo libre de la tortura de todos los aparatos que lo mantenían con vida y del demonio que llevaba dos años atormentándolo.

Llamé por teléfono a Cari, su hermana, que tanto de sí misma había dado para evitar ese desenlace, a sus hijos mayores, Dorion, Jeremy y Nicholas, y a su nieto Tonio.

Unas semanas antes, todos los miembros de la familia habíamos celebrado juntos el Día de Acción de Gracias en nuestra casa de Ithaca. Por decisión unánime fue el mejor Día de Acción de Gracias que jamás conocimos. Nos separamos encantados. En aquella reunión reinó entre nosotros una autenticidad y una intimidad que nos brindaron un sentido mayor de nuestra unidad. Luego coloqué el auricular cerca del oído de Carl para que pudiese escuchar, una tras otra, las despedidas de todos.

Nuestra amiga la escritora y productora Lynda Obst se apresuró a venir de Los Ángeles para estar con nosotros. Lynda se hallaba en casa de Nora aquella noche maravillosa en que Carl y yo nos conocimos. Había sido testigo, mas que cualquier otra persona, de nuestras colaboraciones tanto personales como profesionales. Como productora original de la película Contacto, trabajó en estrecha colaboración con nosotros durante los 16 años que costó hacer realidad aquel empeño.

Lynda había observado que la perpetua incandescencia de nuestro amor ejercía una especie de tiranía sobre aquellos de nuestro entorno que no tuvieron tanta fortuna en la búsqueda de un alma gemela; pero en vez de molestarle nuestra relación, a Lynda le entusiasmaba tanto como a un matemático un teorema de existencia, algo que demostrase que una cosa era posible. Solía llamarme Miss Hechizo. Carl y yo disfrutábamos intensamente de los ratos que pasábamos con ella, entre risas, hablando hasta bien entrada la noche de ciencia, filosofía, chismes, cultura popular, de todo. Esa mujer que había ascendido con nosotros, que me acompañó el día deslumbrante en que elegí mi vestido de novia, estuvo a nuestro lado cuando nos dijimos adiós para siempre.

Durante días y noches, Sasha y yo nos habíamos relevado junto a Carl, murmurándole palabras reconfortantes al oído. Sasha le expresó cuánto le quería y todo lo que haría en su vida para enaltecerlo. «Un hombre magnífico, una vida maravillosa -le dije una y otra vez-. Bien hecho. Te dejo partir con orgullo y alegría por nuestro amor. Sin miedo. Primero de junio. Uno de junio. Para siempre...»

Mientras realizo en pruebas de imprenta los cambios que Carl temía que fuesen necesarios, su hijo Jeremy está en el piso de arriba, dando a Sam su lección nocturna con el ordenador. Sasha se halla en su habitación, dedicada a sus tareas escolares. Las naves Voyager, con sus revelaciones sobre un minúsculo mundo favorecido por la música y el amor, se encuentran más allá de los planetas exteriores, rumbo al mar abierto del espacio interestelar. Vuelan a 65.000 kilómetros por hora hacia las estrellas y un destino que sólo podemos soñar. Estoy rodeada de cajas llenas de cartas procedentes de todo el planeta. Son de personas que lloran la pérdida de Carl. Muchas le atribuyen su inspiración. Algunas afirman que el ejemplo de Carl las indujo a trabajar por la ciencia y la razón contra las fuerzas de la superstición y el integrismo. Esos pensamientos me consuelan y alivian mi angustia. Me permiten sentir, sin recurrir a lo sobrenatural, que Carl aún vive.
© ANN DRUYAN, 1997

Jan Toorop


The Sea, 1887, Oil on canvas, 86 x 96 cm, Rijksmuseum, Amsterdam

Jan Theodorus Toorop was born on December 20, 1858, in Purworedjo in Java, Dutch colony of Indonesia.

19 dezembro 2004

Tao Te Ching (39)



In harmony with the Tao,
the sky is clear and spacious,
the earth is solid and full,
all creature flourish together,
content with the way they are,
endlessly repeating themselves,
endlessly renewed.

When man interferes with the Tao,
the sky becomes filthy,
the earth becomes depleted,
the equilibrium crumbles,
creatures become extinct.

The Master views the parts with compassion,
because he understands the whole.
His constant practice is humility.
He doesn't glitter like a jewel
but lets himself be shaped by the Tao,
as rugged and common as stone.

Sex & blogs

Aqui.

No prato


No El País de hoje

EL PAÍS ha visitado algunas escuelas de Finlandia para averiguar por qué sus estudiantes sacan las mejores notas en los exámenes internacionales como acreditaron de nuevo en la última evaluación de la OCDE.

Dois comentários:

  1. Nesta avaliação, a Espanha está em 22.º lugar e Portugal em 25.º - só com a Itália, a Grécia, a Turquia e o México atrás de nós. Mas eles não têm a maior árvore de natal da Europa...
  2. Os nossos jornalistas só vão ao estrangeiro quando a importância dos temas o justifica, como, por exemplo, para a cobertura de jogos de futebol.

Os 400 anos d' El Quijote


Gustave Doré, la Folie de Don Quichotte, 1863.

O El País Semanal traz, hoje, um Especial sobre os 400 anos de D. Quixote. A não perder.

Orgulho pátrio

Fitz Hugh Lane


Boston Harbor, 1856, Oil on canvas, Amon Carter Museum

Fitz Hugh Lane was born in Gloucester, Massachusetts, on Dec. 19, 1804.

18 dezembro 2004

Gresham ou Darwin?

Por outras palavras: é a má moeda que expulsa a boa moeda ou são os mais aptos que sobrevivem? Quem vence?

Se pensarmos em Avelino Ferreira Torres, Valentim Loureiro, Alberto João Jardim, Fernando Seabra, por exemplo, seremos levados a concluir que a má moeda terá, efectivamente, expulsado a boa moeda. E que continua a atrair gente da mesma laia: veja-se o anúncio de Pinto da Costa da sua candidatura à Câmara do Porto contra Rui Rio, ou o espectáculo degradante protagonizado por Jacinto Serrão e Jaime Ramos no Parlamento madeirense, só para referir dois episódios recentes.

Mas há que ter esperança: se a Lei de Gresham pode verificar-se em situações conjunturais, a longo prazo só os mais aptos sobrevivem. Hoje não existe má moeda.

Willem van de Velde, the Younger


The Battle of the Texel, 11-21 August 1673, oil on canvas, 1143 x 1854.2 mm, National Maritime Museum, London

Willem van de Velde was born in Leiden, Holland, on 18 December 1633.

17 dezembro 2004

Beethoven



Ludwig van Beethoven nasceu a 17 de Dezembro de 1770 em Bona, na Alemanha.

Paul Helleu


Madame Helleu in Her Husband's Studio, Oil on canvas

Paul César Helleu was born December 17, 1859, in Vannes, France.

16 dezembro 2004

Hans Bol


Jacob's Dream of the Ladder to Heaven

Hans Bol was born on 16 December 1534 in Malines, Netherlands.

15 dezembro 2004

David Teniers II


Peasants Dancing Outside an Inn. c. 1645. Oil on canvas. 135 x 205 cm. Royal collection, UK.


David Teniers II was born on 15 December 1610 in Antwerp.

Poema do Eterno Retorno

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
se a mesma causa desse sempre o mesmo efeito
e para cada efeito houvesse sempre a mesma causa,
então o meu salgueiro
havia um dia de ressuscitar.

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
eu próprio,
na efemeridade eternamente repetida
deste momento de agora
tornaria a rever o meu salgueiro.

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
os milhões de milhões de milhões de átomos
que compõem os milhões de milhões de milhões de galáxias
dispostos de milhões de milhões de milhões de maneiras diferentes,
teriam forçosamente de repetir,
daqui a milhões de milhões de milhões de séculos,
exactissimamente a mesma posição que agora têm.

E então,
nesse dia infinitamente longínquo mas finitamente próximo,
eu, Fulano de Tal,
filho legítimo de Fulano de Tal e de Dona Fulana de Tal,
nascido e baptizado na freguesia de Tal,
a tantos de Tal,
neto paterno de Fulanos de Tal,
e materno de Tal e Tal,
etc, e tal,

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
encontrar-me-ía no mesmo ponto do mesmo Universo
a olhar parvamente para o meu salgueiro.

Isto, é claro,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos.

in Novos Poemas Póstumos, António Gedeão

14 dezembro 2004

All I Want For Christmas Is My Two Front Teeth



Lindley Armstrong Jones was born December 14, 1911, in Long Beach, California.

Puvis de Chavannes


Les Jeunes Filles au Bord de la Mer, huile sur toile, 47 cm x 61 cm

Pierre Cécile Puvis de Chavannes was born on the 14th December 1824 in Lyon, Rhône, France.

13 dezembro 2004

Franz Seraph von Lenbach


Robert Wagner

Franz von Lenbach was born on December 13, 1836, in Schrobenhausen, Bavaria [Germany].

12 dezembro 2004

Registo

Aprendi muito com a elaboração e discussão na praça pública deste Orçamento.

Percebi como é um privilégio arriscar ser violentamente criticado apenas porque se decide, se opta e se escolhe com convicções, com rigor e com esperança.

Senti, como nunca, como é que certas pessoas fazem, de um modo falso e quase angélico, o discurso do interesse geral, para tentar ganhar nos interesses corporativos ou mesmo particularistas.

Senti como alguns arautos da consolidação tentam contrariar as mais elementares regras da aritmética orçamental. Isto é, exigindo mais nas parcelas (entenda-se despesa), ao mesmo tempo criticando o ministro das Finanças por a soma não ser inferior.

Senti por que é que alguns interesses parecem preferir a instabilidade e a indisciplina para que melhor medrem os respectivos proveitos.

Senti como alguns se servem da discussão pública do Orçamento como palco para dissimular as suas incapacidades, despeitos e pequenas «vendettas».

Senti como é coerente a incoerência de tantos paladinos do rigor que, por certo, já se esqueceram do que não fizeram ou do que deixaram fazer, por acção ou omissão, em cargos e ocasiões passados.

Senti como é fácil para certas mentes enunciar princípios de aceitação universal, como a luta contra a evasão e fuga fiscais, desde que não passe disso mesmo: mero enunciado de intenções.

Percebi que é «dispensável» a leitura do Orçamento para sobre ele se dissertar eloquentemente.

Percebi que o medo também orienta a crítica.

Bagão Félix, 3 Dezembro 2004
in Expresso de 4 de Dezembro de 2004

Mark, Rob & Carla



São os Tin Hat Trio. E Book of Silk é um dos álbuns de 2004.

Ol' blue eyes



Francis Albert Sinatra was born on 12th December 1915, in Hoboken, New Jersey.

Edvard Munch


The Scream, 1893, Tempera and pastel on board. 91 x 73.5 cm.

Edvard Munch was born on December 12th, 1863, in Løten, Norway.

11 dezembro 2004

À cabeceira

Mais uma lista Best of 2004

A dos livros do New York Times.

Brandos costumes

Quando ouço falar na necessidade de reformas na educação, na justiça, na administração pública, etc., penso para comigo: Reformas?! Não é suficiente! Revoluções, isso sim!

A banca, os off-shores, o governo e os seus amigos

Já referi que os bancos, actualmente, são instituições geradoras de ineficiências no funcionamento da sociedade, que não se justificam nos tempos em que se vivem (vide Se eu fosse primeiro-ministro (3): Money, Banks & The Budget Deficit).

Como se isso não bastasse, é sabido que a taxa real de IRC que incide sobre os lucros dos bancos portugueses (en passant... quando é que foi a última vez que viram os resultados negativos de um banco português?) é ridícula - 6% para a banca sem a CGD, 11% se incluirmos a CGD.

Um dos aspectos do novo orçamento que aguardava com alguma expectativa era a intenção que aí se manifestava de aumentar a tributação da banca. Curiosamente, Paulo Portas disse, há meia hora atrás, que os banqueiros portugueses foram os principais responsáveis pela decisão do Presidente da República de derrubar este governo.

Eu não iria tão longe, mas lá que lhes caiu como mel na sopa, lá isso...

In memoriam (11-12-1997)



Até breve, no Café Pinguim.

Pieter Jacobsz Codde


The Dancing Lesson

Pieter Jacobsz Codde was born on the 11th December 1599 in Amsterdam, Netherlands.

10 dezembro 2004

Adriaen van Ostade


A Peasant Family Outside a Cottage. Oil on vellum laid down on canvas, 21.5 x 28 cm.

Adriaen van Ostade was born on December 10, 1610, Haarlem, Netherlands.

Estratégia Oblíqua para hoje

Don't stress one thing more than another

09 dezembro 2004

Lobby Card

CliCK!

Estratégia Oblíqua para hoje

Accretion

Mark Gertler


Merry-Go-Round, 1916, Oil on canvas,1892 x 1422 mm

Mark Gertler was born in Spitalfields, London on 9th December, 1891.

Nice robe

08 dezembro 2004

In memoriam


António Carlos Jobim (8.12.1994)


John Lennon (8.12.1980)

First come, first serve.

Posso convidar 6 amigos para abrirem uma conta de correio electrónico no Gmail, com capacidade de 1GB. Os interessados devem manisfestar-se através do envio de uma mensagem para aqui.

Sinais dos tempos

Molvania, anyone?

MOLVANIA: A LAND UNTOUCHED BY MODERN DENTISTRY (Jetlag Travel Guide) - Santo Cilaura, Tom Glesiner, and Rob Sitch.

Da lista dos 27 livros do ano, do Village Voice, este parece particularmente...apelativo.

Intumescências bibliómanas