27 setembro 2003

166 - I.

Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida, é responder a uma questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois. São apenas jogos; primeiro é necessário responder. E, se é verdade, tal como Nietzsche o quer, que um filósofo, para ser estimável, deve dar o exemplo, avalia-se a importância desta resposta, visto que ela vai preceder o gesto definitivo.

in O Mito de Sísifo, de Albert Camus.

165 - Talking Heads.

Ando a evitar, deliberadamente, os noticiários da TV.

164 - Induced anxiety?

Ando a evitar, deliberadamente, os noticiários da TSF.

163 - Tao Te Ching (17)

When the Master governs, the people
are hardly aware that he exists.
Next best is a leader who is loved.
Next, one who is feared.
The worst is one who is despised.

If you don't trust the people,
you make them untrustworthy.

The Master doesn't talk, he acts.
When his work is done,
the people say, "Amazing: we did it, all by ourselves!"

26 setembro 2003

164 - I'm bored...

163 - Tao Te Ching (16)

Empty your mind of all thoughts.
Let your heart be at peace.
Watch the turmoil of beings,
but contemplate their return.

Each separate being in the universe
returns to the common source.
Returning to the source is serenity.

If you don't realize the source,
you stumble in confusion and sorrow.
When you realize where you come from,
you naturally become tolerant,
disinterested, amused,
kindhearted as a grandmother,
dignified as a king.
Immersed in the wonder of the Tao,
you can deal with whatever life brings you,
and when death comes, you are ready.

25 setembro 2003

163 - Tao Te Ching (15)

The ancient Masters were profound and subtle.
Their wisdom was unfathomable.
There is no way to describe it;
all we can describe is their appearance.

They were careful
as someone crossing an iced-over stream.
Alert as a warrior in enemy territory.
Courteous as a guest.
Fluid as melting ice.
Shapable as a block of wood.
Receptive as a valley.
Clear as a glass of water.

Do you have the patience to wait
till your mud settles and the water is clear?
Can you remain unmoving
till the right action arises by itself?

The Master doesn't seek fulfillment.
Not seeking, not expecting,
she is present, and can welcome all things.

162 - Shock & Awe!

DIÁRIO DA REPÚBLICA

DATA : Quinta-feira, 10 de Julho de 2003
NÚMERO : 157 SÉRIE I-B

EMISSOR : Presidência do Conselho de Ministros


DIPLOMA/ACTO : Resolução do Conselho de Ministros n.º 91/2003

SUMÁRIO : Autoriza o comandante-geral da Guarda Nacional Republicana a adquirir bens e serviços necessários à constituição e manutenção da força da Guarda Nacional Republicana, por ajuste directo e com dispensa de contrato escrito, até ao montante de (euro) 5000000, no âmbito da missão de apoio às forças da coligação em manutenção da paz e ordem no Iraque

PÁGINAS DO DR : 3914 a 3914

TEXTO :

Resolução do Conselho de Ministros n.º 91/2003
No âmbito dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado, o Governo Português decidiu prestar apoio às forças da coligação em manutenção da paz e ordem no Iraque, no sentido de colaborar nas medidas de restabelecimento e manutenção da ordem pública, de desenvolvimento da administração civil e de promoção da estabilidade naquela região.
Neste quadro, o Governo está comprometido com a constituição e emprego, no teatro de operações, de uma força da Guarda Nacional Republicana, cuja preparação e equipamento se revestem de algumas especificidades face ao ambiente e às forças em presença, pelo que urge proceder à contratação de serviços e à aquisição de material específico e adequado para a missão, inexistente naquela força de segurança.
Considerando que o Decreto-Lei n.º 33/99, de 5 de Fevereiro, diploma que disciplina as aquisições de bens e serviços no domínio da defesa, e o Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, que estabelece o regime de realização de despesas públicas com a aquisição de bens e serviços para o Estado, prevêem, ambos, a possibilidade de recurso ao procedimento do ajuste directo, respectivamente, em momentos de grave tensão internacional e por motivos de urgência imperiosa resultante de acontecimentos imprevisíveis.
Assim:
Nos termos da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, o Conselho de Ministros resolve:
1 - Ao abrigo do disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 33/99, de 5 de Fevereiro, do disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, e ainda nos termos da alínea b) do n.º 1 e do n.º 3 do artigo 60.º deste último decreto-lei, e em face dos circunstancialismos supra-referidos, fica o general comandante-geral da Guarda Nacional Republicana autorizado à contratação de serviços e à aquisição do material necessário e específico para a constituição e manutenção daquela força, por ajuste directo, até ao montante de (euro) 5000000.
2 - A aquisição do material necessário e específico para a constituição e manutenção daquela força fica dispensada de celebração de contrato escrito.
3 - O ajuste directo referido no número anterior não obriga à consulta de vários fornecedores de bens e serviços, aplicando-se, quanto a este procedimento, o disposto no regime geral de realização das despesas públicas para aquisição de bens e serviços.
4 - Os encargos resultantes das adjudicações são suportados pelo orçamento do Ministério da Administração Interna, procedendo o Ministério das Finanças aos reforços orçamentais no mesmo montante.
Presidência do Conselho de Ministros, 18 de Junho de 2003. - O Primeiro-Ministro, José Manuel Durão Barroso.

23 setembro 2003

161 - Gone to Earth...returning.

Pela primeira vez em CD (na sua versão completa).

160 - Tao Te Ching (14)

Look, and it can't be seen.
Listen, and it can't be heard.
Reach, and it can't be grasped.

Above, it isn't bright.
Below, it isn't dark.
Seamless, unnamable,
it returns to the realm of nothing.
Form that includes all forms,
image without an image,
subtle, beyond all conception.

Approach it and there is no beginning;
follow it and there is no end.
You can't know it, but you can be it,
at ease in your own life.
Just realize where you come from:
this is the essence of wisdom.

159 - (Autumn in) Manhattan (in my mind, by Ella).

Manhattan
(Richard Rodgers/Lorentz Hart)

Summer journeys
To Niag'ra
And to other places
Aggravate all our cares.
We'll save our fares.
I've a cozy little flat
In what is known as old Manhattan.
We'll settle down
Right here in town.

We'll have Manhattan,
The Bronx and Staten
Island too.
It's lovely going through
The zoo.
It's very fancy
On old Delancey
Street, you know.
The subway charms us so
When balmy breezes blow
To and fro.
And tell me what street
Compares with Mott Street
In July?
Sweet pushcarts gently gliding by.
The great big city's a wondrous toy
Just made for a girl and boy.
We'll turn Manhattan
Into an isle of joy.

We'll go to Greenwich,
Where modern men itch
To be free;
And Bowling Green you'll see
With me.
We'll bathe at Brighton
The fish you'll frighten
When you're in.
Your bathing suit so thin
Will make the shellfish grin
Fin to fin.
I'd like to take a
Sail on Jamaica
Bay with you.
And fair Canarsie's lake
We'll view.
The city's bustle cannot destroy
The dreams of a girl and boy.
We'll turn Manhattan
Into an isle of joy.

We'll go to Yonkers
Where true love conquers
In the wilds.
And starve together, dear,
In Childs'.
We'll go to Coney
And eat baloney
On a roll.
In Central Park we'll stroll,
Where our first kiss we stole,
Soul to soul.
Our future babies
We'll take to "Abie's
Irish Rose."
I hope they'll live to see
It close.
The city's clamor can never spoil
The dreams of a boy and goil.
We'll turn Manhattan
Into an isle of joy.

We'll have Manhattan,
The Bronx and Staten
Island too.
We'll try to cross'
Fifth Avenue.
As black as onyx
We'll find the Bronnix
Park Express.
Our Flatbush flat, I guess,
Will be a great success,
More or less.
A short vacation
On Inspiration Point
We'll spend,
And in the station house we'll end,
But Civic Virtue cannot destroy
The dreams of a girl and boy.
We'll turn Manhattan
Into an isle of joy!

158 - O Outono começou às 11:47.

Fernando Pessoa

Esqueço-me das horas transviadas
o Outono mora mágoas nos outeiros
E põe um roxo vago nos ribeiros...
Hóstia de assombro a alma, e toda estradas...

Aconteceu-me esta paisagem, fadas
De sepulcros a orgíaco... Trigueiros
Os céus da tua face, e os derradeiros
Tons do poente segredam nas arcadas...

No claustro sequestrando a lucidez
Um espasmo apagado em ódio à ânsia
Põe dias de ilhas vistas do convés

No meu cansaço perdido entre os gelos
E a cor do outono é um funeral de apelos
Pela estrada da minha dissonância...

157 - Go, anyone?

As pretas jogam e matam.

22 setembro 2003

156 - A solução do post #136.

Black did move his King (what else?) From a7 (where else?)

On a7 he was under a seemingly impossible check by wBg1. In fact this check was a discovered check, and the discoverer has now disappeared. It has disappeared because it has just been captured by the black King. Ergo it was a wN.

Last move was -1. Ka7xNa8, after Wh. played Nb6-(x)a8.

in The Chess Mysteries of Sherlock Holmes, Raymond Smullyan, 1979

155 - Twilight with J.C.

NP: 5 tracks, de John Cale; e
folheando Sedition and Alchemy, A Biography of John Cale, by Tim Mitchell.
Antecipando a saída de Hobo Sapiens, a 6 de Outubro.

154 - NP.

Chopin: Étude in G-Sharp Minor - Op. 25, n.º 6;
Moszkowski : Virtuosity Studies "Per Aspera", Opus 72, n.º 6.

153 - Couch potatoes.

I'm The Slime
by Frank Zappa

I am gross and perverted
I'm obsessed 'n deranged
I have existed for years
But very little had changed
I am the tool of the Government
And industry too
For I am destined to rule
And regulate you

I may be vile and pernicious
But you can't look away
I make you think I'm delicious
With the stuff that I say
I am the best you can get
Have you guessed me yet?
I am the slime oozin' out
From your TV set

You will obey me while I lead you
And eat the garbage that I feed you
Until the day that we don't need you
Don't got for help...no one will heed you
Your mind is totally controlled
It has been stuffed into my mold
And you will do as you are told
Until the rights to you are sold

That's right, folks..
Don't touch that dial!

Well, I am the slime from your video
Oozin' along on your livin' room floor

I am the slime from your video
Can't stop the slime, people, lookit me go!

152 - The Bell Curve.

E o problema é... que temos o IQ (QI) per capita - nunca o per capita encaixou tão bem - mais baixo da Europa.

151 - I'm the Slime.

A country’s choice of who the celebrities are reflect the nation’s values.

in Celebrity, de Woody Allen.

150 - Confusion will be my Epitaph...

O Eu ou o Outro: Em Nome da Terra, de Virgílio Ferreira.

149 - Life & Death & Everything in between.

Li, numa noite de férias de há uns anos atrás, The Green Mile, de Stephen King.
Mais tarde, comprei o DVD.
Ontem vi, pela n-ésima vez, na RTP1, este filme.
Need I say more?

148 - Tao Te Ching (13)

Success is as dangerous as failure.
Hope is as hollow as fear.

What does it mean that success is a dangerous as failure?
Whether you go up the ladder or down it,
you position is shaky.
When you stand with your two feet on the ground,
you will always keep your balance.

What does it mean that hope is as hollow as fear?
Hope and fear are both phantoms
that arise from thinking of the self.
When we don't see the self as self,
what do we have to fear?

See the world as your self.
Have faith in the way things are.
Love the world as your self;
then you can care for all things.

20 setembro 2003

147 - Sir, I have a cunning plan!

Blackadder, séries 3 e 4, em DVD, já à venda.

146 - Old loves die hard.

A ouvir, hoje:

145 - El País.

No Babelia de hoje:

Crónica de Brasil
Dos obras esperadas
Dos nuevas novelas animan el panorama literario brasileño. Una es de Chico Buarque, 'Budapeste', y la otra es el debut de Cecilia Costa, 'Damas de copas.' Río de Janeiro y Budapest y el Brasil de la posdictadura militar, como escenarios.

144 - Ainda o novo CD de Robert Wyatt.

Uma entrevista do próprio e alguns excertos do novo CD.

Quote:

"Q: How would you describe your voice?
A: Punk on Valium."

Unquote.

143 - Tao Te Ching (12)

Colors blind the eye.
Sounds deafen the ear.
Flavors numb the taste.
Thoughts weaken the mind.
Desires wither the heart.

The Master observes the world
but trusts his inner vision.
He allows things to come and go.
His heart is open as the sky.

19 setembro 2003

142 - Summer's last breath...

In the evening breeze,
The white roses
All move.

in Haiku, Vol. III: Summer-Autumn, by R. H. Blyth.

141 - Oblique Strategies*

Think: Inside the work
Outside the work

* Oblique Strategies by Brian Eno/Peter Schmidt

140 - Educação em Portugal.

No fim de uma oral:
- Bem, tem consciência que não correu muito bem, não tem?
- Sim, stôr, tenho. Sabe...
- Não revelou ter conhecimentos básicos sobre a matéria, não concorda?
- Sim, concordo. Sabe...é que esta não é a minha área...
- ...
- ...
- Bom, vou dar-lhe 10. Mas só porque é a última cadeira para acabar o curso.
- Sim?!! Obrigado, stôr, obrigado! Muito obri...
- Não tem nada que agradecer.
- Obrigado, stôr! Mas... 10?...Não poderia ser... 11? Sabe, a minha média...

139 - Tao Te Ching (11)

We join spokes together in a wheel,
but it is the center hole
that makes the wagon move.

We shape clay into a pot,
but it is the emptiness inside
that holds whatever we want.

We hammer wood for a house,
but it is the inner space
that makes it livable.

We work with being,
but non-being is what we use.

18 setembro 2003

138 - Smoke.

Compras de hoje: O Livro do Ópio, de Nguyen Te Duc.
Inclui o Opiário, de Fernando Pessoa.
Tudo por €1,50.
E ainda me ofereceram uma hora de estacionamento (valor: €0,80).

137 - Tao Te Ching (10)

Can you coax your mind from its wandering
and keep to the original oneness?
Can you let your body become
supple as a newborn child's?
Can you cleanse your inner vision
until you see nothing but the light?
Can you love people and lead them
without imposing your will?
Can you deal with the most vital matters
by letting events take their course?
Can you step back from you own mind
and thus understand all things?

Giving birth and nourishing,
having without possessing,
acting with no expectations,
leading and not trying to control:
this is the supreme virtue.

136 - Chess anyone?



Qual foi o lance que as pretas acabaram de fazer?

in The Chess Mysteries of Sherlock Holmes, Raymond Smullyan, 1979

16 setembro 2003

135 - Não esquecer...

Exposição de desenhos de Almada Negreiros no Museu do Chiado, até dia 5 de Outubro.


134 - Ao anoitecer...

Theme on the Name of "Abegg" with Variations, Opus 1. (1830) , de Robert Schumann.

133 - KISSS that BLOG!

Keep Is Short, Simple and Stupid. I did.

132 - Tao Te Ching (9)

Fill your bowl to the brim
and it will spill.
Keep sharpening your knife
and it will blunt.
Chase after money and security
and your heart will never unclench.
Care about people's approval
and you will be their prisoner.

Do your work, then step back.
The only path to serenity.

131 - Na morte de Marilyn

Morreu a mais bela mulher do mundo
tão bela que não só era assim bela
como mais que chamar-lhe marilyn
devíamos mas era reservar apenas para ela
o seco sóbrio simples nome de mulher
em vez de marilyn dizer mulher
Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos
uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha
ou suspeitou que tinha errado a vida
ela de quem a vida a bem dizer não era digna
e que exibia vida mesmo quando a suprimia
Não havia no mundo uma mulher mais bela mas
essa mulher um dia dispôs do direito
ao uso e ao abuso de ser bela
e decidiu de vez não mais o ser
nem doravante ser sequer mulher
O último dos rostos que mostrou era um rosto de dor
um rosto sem regresso mais que rosto mar
e toda a confusão e convulsão que nele possa caber
e toda a violência e voz que num restrito rosto
possa o máximo mar intensamente condensar
Tomou todos os tubos que tinha e não tinha
e disse à governanta não me acorde amanhã
estou cansada e necessito de dormir
estou cansada e é preciso eu descansar
Nunca ninguém foi tão amado como ela
nunca ninguém se viu envolto em semelhante escuridão
Era mulher era a mulher mais bela
mas não há coisa alguma que fazer se certo dia
a mão da solidão é pedra em nosso peito
Perto de marilyn havia aqueles comprimidos
seriam solução sentiu na mão a mãe
estava tão sozinha que pensou que a não amavam
que todos afinal a utilizavam
que viam por trás dela a mais comum imagem dela
a cara o corpo de mulher que urge adjectivar
mesmo que seja bela o adjectivo a empregar
que em vez de ver um todo se decida dissecar
analisar partir multiplicar em partes
Toda a mulher que era se sentiu toda sozinha
julgou que a não amavam todo o tempo como que parou
quis ser atá ao fim coisa que mexe coisa viva
um segundo bastou foi só estender a mão
e então o tempo sim foi coisa que passou.

Ruy Belo
Transporte No Tempo
Editorial Presença

15 setembro 2003

130 - Il fait beau.



A folhear o Catálogo do Ciclo de Cinema Americano dos Anos 50, na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1981.

129 - Tao Te Ching (8)

The supreme good is like water,
which nourishes all things without trying to.
It is content with the low places that people disdain.
Thus it is like the Tao.

In dwelling, live close to the ground.
In thinking, keep to the simple.
In conflict, be fair and generous.
In governing, don't try to control.
In work, do what you enjoy.
In family life, be completely present.

When you are content to be simply yourself
and don't compare or compete,
everybody will respect you.

14 setembro 2003

128 - Oblique Strategies*

Use an unacceptable colour.

* Oblique Strategies by Brian Eno/Peter Schmidt

127 - Coup de Grâce

Compras de hoje: O Golpe de Misericórdia, de Marguerite Yourcenar.

126 - Ante-estreia.

O novo filme de Woody Allen estreia-se no dia 19 de Novembro, in a theatre near you (if you happen to live in the USA)...

125 - El País

Hoje.

124 - O Euro.

Hoje não.

123 - Flashback.

Hoje não é.

122 - Freud & Maquiavel.

Hoje não é Domingo.

121 - Tao Te Ching (7)

The Tao is infinite, eternal.
Why is it eternal?
It was never born;
thus it can never die.
Why is it infinite?
It has no desires for itself;
thus it is present for all beings.

The Master stays behind;
that is why she is ahead.
She is detached from all things;
that is why she is one with them.
Because she has let go of herself,
she is perfectly fulfilled.

13 setembro 2003

120 - Outra noite.

119 - Esta noite.

A Noite.

Música & Letra: Ivan Lins

A noite tem bordado
Nas toalhas dos bares
Corações arpoados
Corações torturados
Corações de ressaca
Corações desabrigados demais.

A noite tem falado
Nas cadeiras dos bares
De paixões afogadas
De paixões recusadas
De paixões descabidas
De paixões envelhecidas demais.

A noite traz no rosto sinais
De quem tem chorado demais.
A noite traz no rosto sinais
De quem tem chorado demais..

A noite tem deixado
Seus rancores gravados
À faca e canivete
À lápis e gilette
Por dentro das pessoas
Por dentro dos toilettes e mais.

A noite tem deixado
Seus rancores gravados
À faca e canivete
À lápis e gilette
Por dentro das pessoas
Por dentro dos toilettes e mais:
Por dentro de mim.

118 - Les beaux esprits se rencontrent ...

J'aimerais
Devenir un grand poète
Et les gens
Me metteraient
Plein de laurrier sur la tête
Mais voilà
Je n'ai pas
Assez de goût pour les livres
Et je songe trop à vivre
Et je pense trop aux gens
Pour être toujours content
De n'écrire que du vent.

Boris Vian.

117 - Oblique strategies*.

Make a blank valuable by putting it in an exquisite frame.

* Oblique Strategies by Brian Eno/Peter Schmidt

116 - No pain, no gain.

A dor está ausente da sociedade portuguesa há demasiado tempo.

115 - Where am I?



Maurits Cornelis Escher
Ascending and Descending
1960

105 - Tao Te Ching (6)

The Tao is called the Great Mother:
empty yet inexhaustible,
it gives birth to infinite worlds.

It is always present within you.
You can use it any way you want.

113 - Presence of the night

Music & Lyrics: Peter Hammill

'Alone, alone' the ghosts all call,
pinpoint me in the light.
The only life I feel at all
is the presence of the night.

Would you cry if I died?
Would you catch the final words of mine?
Would you catch my words?
I know that there's no time
I know that there's no rhyme...
false signs find me
I don't want to hate,
I just want to grow;
why can't I let me
live and be free?
but I die very slowly alone.
I know more ways,
I am so afraid,
myself won't let me
just be myself
and so I am completely alone...

The maelstrom of my memory
is a vampire and it feeds on me
now, staggering madly, over the brink I fall.

12 setembro 2003

112 - Lindo!

Hoje, no correio: Realizations: Narrative, Pictorial, and Theatrical Arts in Nineteenth-Century England, de Martin Meisel.



W. Holman Hunt , The Light of The World (1851-1853).

111 - Tao Te Ching (5)

The Tao doesn't take sides;
it gives birth to both good and evil.
The Master doesn't take sides;
she welcomes both saints and sinners.

The Tao is like a bellows:
it is empty yet infinitely capable.
The more you use it, the more it produces;
the more you talk of it, the less you understand.

Hold on to the center.

110 - Heaven & Hell

This is a Zen story of a pilgrim who approached a Master, asking him to reveal the nature of Heaven and Hell. The Master, without hesitation, told the pilgrim how gross and stupid he was for asking such a question. The pilgrim was furious, his face became red and grotesquely distorted in rage, he raised his sword and prepared to strike the Master dead. The master remained calm and, without hesitation, said "That's Hell." Whereupon the pilgrim was enlightened; his countenance immediately transformed and he bowed in deep heartfelt gratitude. The master responded, "And that is Heaven."

109 - A Cena Do Ódio

A Cena Do Ódio
de José Almada Negreiros
poeta sensacionista
e Narciso do Egipto


A Álvaro de Campos a dedicação intensa de todos os meus
avatares. Foi escrito durante os três dias e as três noites
que durou a revolução de 14 de Maio de 1915



Ergo-Me Pederasta apupado d'imbecis,
Divinizo-Me Meretriz, ex-líbris do Pecado,
e odeio tudo o que não Me é por Me rirem o Eu!
Satanizo-Me Tara na Vara de Moisés!
O castigo das serpentes é-Me riso nos dentes,
Inferno a arder o Meu Cantar!
Sou Vermêlho-Niagara dos sexos escancarados nos chicotes
dos cossácos!
Sou Pan-Demónio-Trifauce enfermiço de Gula!
Sou Génio de Zaratrusta em Taças de Maré-Alta!
Sou Raiva de Medusa e Danação do Sol!

Ladram-Me a Vida por vivê-La
e só Me deram Uma!
Hão-de lati-La por sina!
Agora quero vivê-La!
Hei-de Poeta cantá-La em Gala sonora e dina
Hei-de Glória desanuviá-La!
Hei-de Guindaste içá-La Esfinge
da Vala pedestre onde Me querem rir!
Hei-de trovão-clarim levá-La Luz
às Almas-Noites do Jardim das Lágrimas!

Hei-de bombo rufá-La pompa de Pompeia
nos Funerais de Mim!
Hei-de Alfange-Mahoma
cantar Sodoma na Voz de Nero!
Hei-de ser Fuas sem Virgem do Milagre,
hei-de ser galope opiado e doido, opiado e doido...
Hei-d' Átila, hei-de Nero, hei-de Eu,
cantar Atila, cantar Nero, cantar Eu!

Sou Narciso do Meu Ódio!
- O Meu ódio é Lanterna de Diógenes,
é cegueira de Diógenes,
é cegueira da Lanterna!
(O Meu Ódio tem tronos d' Herodes,
histerismos de Cleópatra, perversões de Catarina!)
O Meu ódio é Dilúvio Universal sem Arcas de Noé, só
Dilúvio Universal!

e mais Universal ainda:
Sempre a crescer, sempre a subir...
até apagar o Sol!

Sou trono de Abandono, mal-fadado,
nas iras dos Bárbaros meus Avós.
Oiço ainda da Berlinda d'Eu ser sina
gemidos vencidos de fracos,
ruídos famintos de saque,
ais distantes de Maldição eterna em Voz antiga!
Sou ruínas rasas, inocentes
como as asas de rapinas afogadas.
Sou relíquias de mártires impotentes
sequestradas em antros do Vício.
Sou clausura de Santa professa,
Mãe exilada do Mal, Hóstia d'Angústia no Claustro,
freira demente e donzela,
virtude sozinha da cela
em penitência do sexo!
Sou rasto espezinhado d'Invasores
que cruzaram o meu sangue, desvirgando-o.
Sou a Raiva atávica dos Távoras,

o sangue bastardo de Nero,
o ódio do último instante
do Condenado inocente!
A podenga do Limbo mordeu raivosa
as pernas nuas da minh'Alma sem baptismo...
Ah! que eu sinto, claramente,
que nasci de uma praga de ciúmes!
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo e a Alma dos Bórgias a
penar!

Tu, que te dizes Homem!
Tu, que te alfaiatas em modas
e fazes cartazes dos fatos que vestes
p'ra que se não vejam as nódoas de baixo!
Tu, qu'inventaste as Ciências e as Filosofias,
as Políticas, as Artes e as Leis,
e outros quebra-cabeças de sala
e outros dramas de grande espectáculo
Tu, que aperfeiçoas sabiamente a arte de matar.
Tu, que descobriste o cabo da Boa-Esperança
e o Caminho Marítimo da índia
e as duas Grandes Américas,
e que levaste a chatice a estas Terras
e que trouxeste de lá mais gente p'raqui
e qu'inda por cima cantaste estes Feitos...
Tu, qu'inventaste a chatice e o balão,
e que farto de te chateares no chão
te foste chatear no ar,
e qu'inda foste inventar submarinos
p'ra te chateares também por debaixo d'água,
Tu, que tens a mania das Invenções e das Descobertas
e que nunca descobriste que eras bruto,
e que nunca inventaste a maneira de o não seres
Tu consegues ser cada vez mais besta
e a este progresso chamas Civilização!

Vai vivendo a bestialidade na Noite dos meus olhos,
vai inchando a tua ambição-toiro
'té que a barriga te rebente rã.

Serei Vitória um dia -Hegemonia de Mim!
e tu nem derrota, nem morto, nem nada.
O Século-dos-Séculos virá um dia
e a burguesia será escravatura
se for capaz de sair de Cavalgadura!

Hei-de, entretanto, gastar a garganta
a insultar-te, ó besta!
Hei-de morder-te a ponta do rabo
e por-te as mãos no chão, no seu lugar!
Ahi! Saltimbanco-bando de bandoleiros nefastos!
Quadrilheiros contrabandistas da Imbecilidade!
Ahi! Espelho-aleijão do Sentimento,
macaco-intruja do Alma-realejo!
Ahi! macrelle da Ignorância!
Silenceur do Génio-Tempestade!
Spleen da Indigestão!
Ahi! meia-tigela, travão das Ascensões!
Ahi! povo judeu dos Cristos mais que Cristo!
Ó burguesia! Ó ideal com i pequeno
Ó ideal ricócó dos Mendes e Possidonios
Ó cofre d'indigentes
Cuja personalidade é a moral de todos!
Ó geral da mediocridade!
Ó claque ignóbil do Vulgar, protagonista do normal!
Ó Catitismo das lindezas d'estalo!

Ahi! lucro do fácil,
cartilha-cabotina dos limitados, dos restringidos!
Ai! dique-impecilho do Canal da Luz!
Ó coito d'impotentes
a corar ao sol no riacho da Estupidez!
Ahi! Zero-barómetro da Convicção!
bitola dos chega, dos basta, dos não quero mais!
Ahi! Plebeísmo Aristocratizado no preço do panamá!
erudição de calça de xadrez!
competência de relógio d'oiro
e correntes com suores do Brasil,
e berloques de cornos de búfalo!
E eu vivo aqui desterrado e Job
da Vida-gémea d'Eu ser feliz!
E eu vivo aqui sepultado vivo
na Verdade de nunca ser Eu!
Sou apenas o Mendigo de Mim-Próprio,
órfão da Virgem do meu sentir.
E como queres que eu faça fortuna
se Deus, por escárnio, me deu Inteligência,
e não tenho sequer, irmãs bonitas
nem uma mãe que se venda para mim?
(Pesam quilos no Meu querer
as salas de espera de Mim.
Tu chegas sempre primeiro...
Eu volto sempre amanhã...
Agora vou esperar que morras.
Mas tu és tantos que não morres...
Vou deixar d'esp'rar que morras
- Vou deixar d'esp'rar por mim!)
Ah! que eu sinto, claramente, que nasci
de uma praga de ciúmes!
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo
e a alma dos Bórgias a penar!

E tu, também, vieille-roche, castelo medieval
fechado por dentro das tuas ruínas!
Fiel epitáfio das crónicas aduladoras!
E tu também ó sangue azul antigo
que já nasceste co'a biografia feita!
Ó pajem loiro das cortesias-avozinhas!
Ó pergaminho amarelo-múmia
das grandes galas brancas das paradas
e das Vitórias dos torneios-lotarias
com donzelas-glórias!
Ó resto de cetros, fumo de cinzas!
Ó lavas frias do Vulcão pirotécnico
com chuvas d'oiros e cabeleiras prateadas!
Ó estilhacos heráldicos de Vitrais
despegados lentamente sobre o tanque do silêncio!
Ó Cedro secular
debruçado no muro da Quinta sobre a estrada
a estorvar o caminho da Mala-posta!

E vós também, ó Gentes de Pensamento,
ó Personalidades, ó Homens!
Artistas de todas as partes, cristãos sem pátria,
Cristos vencidos por serem só Um!
E vós, ó Génios da Expressão,
e vós também, ó Génios sem Voz!
ó além-infinito sem regressos, sem nostalgias,
Espectadores gratuitos do Drama-Imenso de Vós-Mesmos!
Profetas clandestinos
do Naufrágio de Vossos Destinos!

E vós também, teóricos-irmãos-gémeos
do meu sentir internacional!
Ó escravos da Independência!
Vós que não tendes prémios
por se ter passado a vez de os ganhardes,
e famintos e covardes
entreteis a fome em revoltas do Mau-Génio
no boémia da bomba e da pólvora!

E tu também, ó Beleza Canalha
Co'a sensibilidade manchada de vinho!
Ó lírio bravo da Floresta-Ardida
à meia-porta da tua Miséria!
Ó Fado da Má-Sina
com ilustrações a giz
e letra da Maldição!
Ó fera vadia das vielas açaimada na Lei!
Ó xale e lenço a resguardar a tísica!
Ó franzinas do fanico
co'a sífilis ao colo por essas esquinas!
Ó nu d'aluguer
na meia-luz dos cortinados corridos!
Ó oratório da meretriz a mendigar gorjetas
p'rá sua Senhora da Boa-Sorte!
Ó gentes tatuadas do calão!
carro vendado da Penitenciária!

E tu também, ó Humilde, ó Simples!
enjaulados na vossa ignorância!
Ó pé descalço a calejar o cérebro!
Ó músculos da saúde de ter fechada a casa de pensar!
Ó alguidar de açorda fria
na ceia-fadiga da dor-candeia!
Ó esteiras duras pra dormir e fazer filhos!
Ó carretas da Voz do Operário
com gente de preto a pé e filarmónica atrás!
Ó campas rasas, engrinaldadas,
com chapões de ferro e balões de vidro!
Ó bota rota de mendigo abandonada no pó do caminho!
Ó metamorfose-selvagem das feras da cidade!
Ó geração de bons ladrões crucificados na Estupidez!

Ó sanfona-saloia do fandango dos campinos!
Ó pampilho das Lezírias inundadas de Cidade!

ó trouxa d'aba larga da minha lavadeira,
Ó rodopio azul da saia azul de Loures!

E vós varinas que sabeis a sal
as Naus da Fenícia ainda não voltaram?!
E vós também, ó moças da Província
que trazeis o verde dos campos
no vermelho das faces pintadas!

E tu também, ó mau gosto
co'a saia de baixo a ver-se
e a falta d'educação!
Ó oiro de pechisbeque (esperteza dos ciganos)
a luzir no vermelho verdadeiro da blusa de chita!
Ó tédio do domingo com botas novas
e música n'Avenida!
Ó santa Virgindade
a garantir a falta de lindeza!
Ó bilhete postal ilustrado
com aparições de beijos ao lado!
E vós ó gentes que tendes patrões,
autómatos do dono a funcionar barato!
Ó criadas novas chegadas de fora p'ra todo o serviço!
Ó costureiras mirradas,
emaranhadas na vossa dor!
Ó reles caixeiros, pederastas do balcão,
a quem o patrão exige modos lisonjeiros
e maneiras agradáveis pròs fregueses!
Ó Arsenal fadista de ganga azul e coco socialista!
Ó saídas pôr-do-sol das Fábricas d'Agonia!
E vós também, ó toda a gente, que todos tendes patrões!

E vós também, nojentos da Política
que explorais eleitos o Patriotismo!
Macrots da Pátria que vos pariu ingénuos
e vos amortalha infames!
E vós também, pindéricos jornalistas
que fazeis cócegas e outras coisas
à opinião pública!

E tu também roberto fardado:
Futrica-te espantalho engalonado,
apoia-te das patas de barro,
Larga a espada de matar
e põe o penacho no rabo!
Ralha-te mercenário, asceta da Crueldade!
Espuma-te no chumbo da tua Valentia!
Agoniza-te Rilhafoles armado!
Desuniversidadiza-te da doutorança da chacina,
da ciencia da matança!
Groom fardado da Negra,
pária da Velha!
Encaveira-te nas esporas luzidias de seres fera!
Despe-te da farda,
desenfia-te da Impostura, e põe-te nu, ao léu
que ficas desempregado!
Acouraça-te de senso,
vomita de vez o morticínio,
enche o pote de raciocínio,
aprende a ler corações,
que há muito mais que fazer
do que fazer revoluções!
Ruína com tuas próprias peças-colossos
as tuas próprias peças colossais,
que de 42 a 1 é meio-caminho andado!
Rebusca no seres selvagem
no teu cofre do extermínio
o teu calibre máximo!
Põe de parte a guilhotina,
dá férias ao garrote!
Não dês língua aos teus canhões,
nem ecos às pistolas,
nem vozes às espingardas!
- São coisas fora de moda!
Põe-te a fazer uma bomba

que seja uma bomba tamanha
que tenha dez raios da Terra.
Põe-lhe dentro a Europa inteira,
os dois pólos e as Américas,
a Palestina, a Grécia, o mapa
e, por favor, Portugal!
Acaba de vez com este planeta,
faze-te Deus do Mundo em dar-lhe fim!
(Há tanta coisa que fazer, Meu Deus!
e esta gente distraída em guerras!)

Eu creio na transmigração das almas
por isto de Eu viver aqui em Portugal.
Mas eu não me lembro o mal que fiz
durante o Meu avatar de burguês.
Oh! Se eu soubesse que o Inferno
não era como os padres mo diziam:
uma fornalha de nunca se morrer...
mas sim um Jardim da Europa
à beira-mar plantado...
Eu teria tido certamente mais juízo,
teria sido até o mártir São Sebastião!
E inda há quem faça propaganda disto:
a pátria onde Camões morreu de fome
e onde todos enchem a barriga de Camões!
Se ao menos isto tudo se passasse
numa Terra de mulheres bonitas!
Mas as mulheres portuguesas
são a minha impotência!

E tu, meu rotundo e pançudo-sanguessugo,
meu desacreditado burguês apinocado
da rua dos bacalhoeiros do meu ódio
co'a Felicidade em casa a servir aos dias!
Tu tens em teu favor a glória fácil
igual à de outros tantos teus pedaços
que andam desajuntados neste Mundo,
desde a invenção do mau cheiro,
a estorvar o asseio geral.
Quanto mais penso em ti, mais tenho Fé e creio
que Deus perdeu de vista o Adão de barro
e com pena fez outro de bosta de boi
por lhe faltar o barro e a inspiração!
E enquanto este Adão dormia
os ratos roeram-lhe os miolos,
e das caganitas nasceu a Eva burguesa!

Tu arreganhas os dentes quando te falam d'Orpheu
e pões-te a rir, como os pretos, sem saber porquê.
E chamas-me doido a Mim
que sei e sinto o que Eu escrevi!
Tu que dizes que não percebes;
rir-te-has de não perceberes?

Olha Hugo! Olha Zola, Cervantes e Camões,
e outros que não são nada por te cantarem a ti!
Olha Nietzche! Wilde! Olha Rimbaub e Dowson!
Cesário, Antero e outros tantos mundos!
Beethoven, Wagner e outros tantos génios
que não fizeram nada,
que deixaram este mundo tal qual!
Olha os grandes o que são estragados por ti!
O teu máximo é ser besta e ter bigodes.
A questão é estar instalado.
Se te livras de burguês e sobes a talento, a génio,
a seres alguém,
o Bem que tu fizeres é um décimo de seres fera!
E de que serve o livro e a ciência
se a experiência da vida
é que faz compreender a ciência e o livro?
Antes não ter ciências!
Antes não ter livros!
Antes não ter Vida!

Eu queria cuspir-te a cara e os bigodes,
quando te vejo apalermado p'las esquinas
a dizeres piadas às meninas,
e a gostares das mulheres que não prestam
e a fazer-lhes a corte
e a apalpar-lhes o rabo,
esse tão cantado belo cu
que creio ser melhor o teu ideal
que a própria mulher do cu grande!
E casaste-te com Ela,
porque o teu ideal veio pegado a Ela,
e agora à brocha limpas a calva em pinga
à coca de cunhas p'ró Cunha examinador
do teu décimo nono filho
dezanove vezes parvo!
(É o caso mais exemplar de Constância e fidelidade
a tua história sexual co'a Felisberta,

desde o teu primogénito tanso
'té ao décimo nono idiota.)
'Té no matrimónio te maldigo, infame cobridor!
Espécie de verme das lamas dos pântanos
que de tanto se encharcar em gozos
o seu corpo se atrofiou
e o sexo elefantizado foi todo o seu corpo!

Em toda a parte tu és o admirador
e em toda a parte a tua ignorância
tem a cumplicidade da incompetência
dos que te falam 'té dos lugares sagrados.
Sim! Eu sei que tu és juiz
e qu'inda ontem prometeste a tua amante,
despedindo-a num beijo de impotente,
a condenação dos réus que tivesses
se Ela faltasse à matinée da Boa-Hora!
Pulha! E és tu que do púlpito
d'essa barriga d'Água da Curia
dás a ensinança de trote
aos teus dezanove filhos?!
Cocheiros, contai: dezanove!!!

Zute! bruto-parvo-nada
que Me roubaste tudo:
'té Me roubaste a Vida
e não Me deixaste nada!
nem Me deixaste a Morte!
Zute! poeira-pingo-micróbio
que gemes pequeníssimos gemidos gigantes
grávido de uma dor profeta colossal.
Zute! elefante-berloque parasita do não presta!
Zute! bugiganga-celulóide-bagatela!
Zute, besta!
Zute, bácoro!!
Zute, merda!!!

Em toda a parte o teu papel é admirar,
mas (caso inf'liz)
nunca acertas numa admiração feliz.
Lês os jornais e admiras tudo do princípio ao fim
e se por desgraça vem um dia sem jornais,
tens de ficar em casa nos chinelos
porque nesse dia, felizmente,
não tens opinião pra levares à rua.
Mas nos outros dias lá estás a discutir.
É que a Natureza é compensadora:
quem não tem dinheiro p'ra ir ao Coliseu
deve ter cá fora razões p'ra se rir.
Só te oiço dizer dos outros
a inveja de seres como eles.
Nem ao menos, pobre fadista,
a veleidade de seres mais bruto?
Até os teus desejos são avaros
como as tuas unhas sujas e ratadas.
Ó meu gordo pelintrão,
água-morna suja, broa do outro v'rao!
Os homens são na proporção dos seus desejos
e é por isso que eu tenho a Concepção do Infinito...
Não te cora ser grande o teu avô
e tu apenas o seu neto, e tu apenas o seu esperma?
Não te dói Adão mais que tu?
Não te envergonha o teres antes de ti
outros muito maiores que tu?
Jamais eu quereria vir a ser um dia
o que o maior de todos já o tivesse sido
eu quero sempre muito mais
e mais ainda muito pr'além-demais-Infinito...
Tu não sabes, meu bruto, que nós vivemos tão pouco
que ficamos sempre a meio-caminho do Desejo?

Em toda a parte o bicho se propaga,
em toda a parte o nada tem estalagem.
O meu suplício não é somente de seres meu patrício
ou o de ver-te meu semelhante,
tu, mesmo estrangeiro, és besta bastante.
Foi assim que te encontrei na Rússia
como vegetas aqui e por toda a parte,
e em todos os ofícios e em todas as idades.
Lá suportei-te muito! Lá falavas russo
e eu só sabia o francês.
Mas na França, em Paris - a grande capital,
apesar de fortificada,
foi assolada por esta espécie animal.
E andam p'los cafés como as pessoas
e vestem-se na moda como elas,
e de tal maneira domésticos
que até vão às mulheres
e até vão aos domésticos.
Felizmente que na minha pátria,

a minha verdadeira mãe, a minha santa Irlanda,
apenas vivi uns anos d'Infância,
apenas me acodem longinquamente
as festas ensuoradas do priest da minha aldeia,
apenas ressuscitam sumidamente
as asfixias da tísica-mater,
apenas soam como revoltas
as pistolas do suicídio de meu pai,
apenas sinto infantilmente
no leito de uma morta
o gelo de umas unhas verdes,
um frio que não é do Norte,
um beijo grande como a vida de um tísico a morrer.
Ó Deus! Tu que m'os levaste é que sabias
o ódio que eu lhes teria
se não tivessem ficado por ali!
Mas antes, mil vezes antes, aturar os burgueses da My
Ireland
que estes desta Terra
que parece a pátria deles!
Ó Horror! Os burgueses de Portugal
têm de pior que os outros
o serem portugueses!

A Terra vive desde que um dia
deixou de ser bola do ar
p'ra ser solar de burgueses.
Houve homens de talento, génios e imperadores.
Precisaram-se de ditadores,
que foram sempre os maiores.
Cansou-se o mundo a estudar
e os sábios morreram velhos
fartos de procurar remédios,
e nunca acharam o remédio de parar.
E inda eu hoje vivo no século XX
a ver desfilar burgueses
trezentas e sessenta e cinco vezes ao ano,
e a saber que um dia
são vinte e quatro horas de chatice
e cada hora sessenta minutos de tédio
e cada minuto sessenta segundos de spleen!
Ora bolas para os sábios e pensadores!
Ora bolas para todas as épocas e todas as idades!

Bolas pròs homens de todos os tempos,
e prà intrujice da Civilização e da Cultura!

Eu invejo-te a ti, ó coisa que não tens olhos de ver!
Eu queria como tu sentir a beleza de um almoço pontual
e a f'licidade de um jantar cedinho
co'as bestas da família.
Eu queria gostar das revistas e das coisas que não prestam
porque são muitas mais que as boas
e enche-se o tempo mais!
Eu queria, como tu, sentir o bem-estar
que te dá a bestialidade!
Eu queria, como tu, viver enganado da vida e da mulher,
e sem o prazer de seres inteligente pessoalmente!
Eu queria, como tu, não saber que os outros não valem nada
p'ra os poder admirar como tu!
Eu queria que a vida fosse tão divinal
como tu a supões, como tu a vives!
Eu invejo-te, ó pedaço de cortiça
a boiar à tona d'água, à mercê dos ventos,
sem nunca saber que fundo que é o Mar!

Olha para ti!
Se te não vês, concentra-te, procura-te!
Encontrarás primeiro o alfinete
que espetaste na dobra do casaco,
e depois não percas o sítio,
porque estás decerto ao pé do alfinete.
Espeta-te nele para não te perderes de novo,
e agora observa-te!

Não te escarneças! Acomoda-te em sentido!
Não te odeies ainda qu'inda agora começaste!
Enioa-te no teu nojo, mastodonte!
Indigesta-te na palha dessa tua civilização!
Desbesunta te dessa vermência!
Destapa a tua decência, o teu imoral pudor!
Albarda te em senso! Estriba-te em Ser!
Limpa-te do cancro amarelo e podre!
Do lazareto de seres burro!
Desatrela-te do cérebro-carroça!
Desata o nó-cego da vista!
Desilustra-te, descultiva-te, despole-te,
que mais vale ser animal que besta!
Deixa antes crescer os cornos que outros adornos da
Civilização!

Queria-te antes antropófago porque comias os teus
- talvez o mundo fosse Mundo
e não a retrete que é!
Ahi! excremento do Mal, avergonha-te
no infinitamente pequeno de ti com o teu papagaio:
Ele fala como tu e diz coisas que tu dizes
e se não sabe mais é por tua culpa, meu mandrião!
E tu, se não fossem os teus pais,
davas guinchos, meu saguim!
- Tu és o papagaio de teus pais!
Mas há mais, muito mais
que a tua ignorância-miopia te cega.
Empresto-te a minha Inteligência.
Vê agora e não desmaies ainda!
Então eu não tinha razão?
P'ra que me chamavas doido
quando eu m'enjoava de ti?
Ah! Já tens medo?!
Porque te rias da vida
e ias ensuorar as vrilhas nos fauteuils das revistas
co'as pernas fogo de vistas
das coristas de petróleo?
Porque davas palmas aos compéres e actorecos
pelintras e fantoches
antes do palco, no palco e depois do palco?
Ora dize-Me com franqueza:
Era por eles terem piada?
Então era por a não terem
Ah! Era p'ra tu teres piada, meu bruto?!
Porque mandaste de castigo os teus filhos p'r'ás Belas-Artes
quando ficaram mal na instrução primária?
Porque é que dizes a toda a gente que o teu filho idiota
estuda p'ra poeta?
Porque te casaste com a tua mulher
se dormes mais vezes co'a tua criada?
Porque bateste no teu filho quando a mestra
te contou as indecências na aula?
Não te lembras das que tu fizeste
com a própria mestra de moral?
Ou queres tu ser decente,
tu, que tens dezanove filhos?!
Porque choraste tanto quando te desonraram a filha?
Porque lhe quiseste matar o amante?
Não achas isto natural? Não achas isto interessante?
Porque não choraste também pelo amante?...
Deixa! Deixa! Eu não te quero morto com medo de ti-próprio!
Eu quero-te vivo, muito vivo, a sofrer!
Não te despetes do alfinete!
Eu abro a janela pra não cheirar mal!

Galopa a tua bestialidade
na memória que eu faço dos teus coices,
cavalga o teu insecticismo na tua sela de D. Duarte!
Arreia-te de Bom-Senso um segundo! peço-te de joelhos.
Encabresta-te de Humanidade
e eu passo-te uma zoologia para as mãos
p'ra te inscreveres na divisão dos Mamíferos.
Mas anda primeiro ao Jardim Zoológico!
Vem ver os chimpanzés! Acorpanzila-te neles se te ousas!
Sagra-te de cu-azul a ver se eles te querem!
Lá porque aprendeste a andar de mãos no ar
não quer dizer que sejas mais chimpanzé que eles!

Larga a cidade masturbadora, febril,
rabo decepado de lagartixa,
labirinto cego de toupeiras,
raça de ignóbeis míopes, tísicos, tarados,
anémicos, cancerosos e arseniados!
Larga a cidade!
Larga a infâmia das ruas e dos boulevards
esse vaivém cínico de bandidos mudos
esse mexer esponjoso de carne viva
Esse ser-lesma nojento e macabro
Esse S ziguezague de chicote auto-fustigante
Esse ar expirado e espiritista...
Esse Inferno de Dante por cantar
Esse ruído de sol prostituído, impotente e velho
Esse silêncio pneumónico
de lua enxovalhada sem vir a lavadeira!
Larga a cidade e foge!
Larga a cidade!
Vence as lutas da família na vitória de a deixar.
Larga a casa, foge dela, larga tudo!

Nem te prendas com lágrimas, que lágrimas são cadeias!
Larga a casa e verás - vai-se-te o Pesadelo!
A família é lastro, deita-a fora e vais ao céu!
Mas larga tudo primeiro, ouviste?
Larga tudo!
- Os outros, os sentimentos, os instintos,
e larga-te a ti também, a ti principalmente!
Larga tudo e vai para o campo
e larga o campo também, larga tudo!
- Põe-te a nascer outra vez!
Não queiras ter pai nem mãe,
não queiras ter outros nem Inteligência!
A Inteligência é o meu cancro
eu sinto-A na cabeça com falta de ar!
A Inteligência é a febre da Humanidade
e ninguém a sabe regular!
E já há Inteligência a mais pode parar por aqui!
Depois põe-te a viver sem cabeça,
vê só o que os olhos virem,
cheira os cheiros da Terra
come o que a Terra der,
bebe dos rios e dos mares,
- põe-te na Natureza!
Ouve a Terra, escuta-A.
A Natureza à vontade só sabe rir e cantar!
Depois, põe-te a coca dos que nascem
e não os deixes nascer.
Vai depois pla noite nas sombras
e rouba a toda a gente a Inteligência
e raspa-lhos a cabeça por dentro
co'as tuas unhas e cacos de garrafa,
bem raspado, sem deixar nada,
e vai depois depressa muito depressa
sem que o sol te veja
deitar tudo no mar onde haja tubarões!
Larga tudo e a ti também!

Mas tu nem vives nem deixas viver os mais,
Crápula do Egoísmo, cartola d'espanta-pardais!
Mas hás-de pagar-Me a febre-rodopio
novelo emaranhado da minha dor!
Mas hás-de pagar-Me a febre-calafrio
abismo-descida de Eu não querer descer!
Hás-de pagar-Me o Absinto e a Morfina
Hei-de ser cigana da tua sina
Hei-de ser a bruxa do teu remorso
Hei-de desforra-dor cantar-te a buena-dicha
em águas fortes de Goya
e no cavalo de Tróia
e nos poemas de Poe!
Hei-de feiticeira a galope na vassoura
largar-te os meus lagartos e a Peçonha!
Hei-de Vara Magica encantar-te Arte de Ganir
Hei-de reconstruir em ti a escravatura negra!
Hei-de despir-te a pele a pouco e pouco
e depois na carne-viva deitar fel,
e depois na carne-viva semear vidros,
semear gumes,
lumes,
e tiros.
Hei-de gozar em ti as poses diabólicas
dos teatrais venenos trágicos do persa Zoroastro!
Hei-de rasgar-te as virilhas com forquilhas e croques,
e desfraldar-te nas canelas mirradas
o negro pendão dos piratas!
Hei-de corvo marinho beber-te os olhos vesgos!
Hei-de bóia do Destino ser em brasa
e tua náufrago das galés sem horizontes verdes!
E mais do que isto ainda, muito mais:
Hei-de ser a mulher que tu gostes,
hei-de ser Ela sem te dar atenção!

Ah! que eu sinto claramente que nasci
de uma praga de ciúmes.
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo
e a Alma dos Bórgias a penar!...

Escrito em 1915. Publicado in «Contemporânea», n.º 7.

11 setembro 2003

108 - "The human spirit is not measured by the size of the act, but by the size of the heart." *


*

10 setembro 2003

107 - The Darwin Awards.

The Darwin Awards honor those who improve our gene pool... by removing themselves from it.

106 - Eat shit: 1.000.000.000.000 flies can't be wrong!

Serei o único a não gostar de Madredeus?

105 - Tao Te Ching (4)

The Tao is like a well:
used but never used up.
It is like the eternal void:
filled with infinite possibilities.

It is hidden but always present.
I don't know who gave birth to it.
It is older than God.

09 setembro 2003

104 - Lunch break.

Jiboiando...

103 - Opinions: A Short Play.

1.º Acto.

Cenário: um espelho a toda a largura e altura do palco, inclinado de forma a que os espectadores se possam ver reflectidos nele.

Entre a assistência, alguns actores, não identificados, improvisam. Estimulam os verdadeiros espectadores, deixando-os depois a falar entre eles: devem ser catalisadores, como numa reacção química.

Ao fim de 45 minutos: Intervalo.

2.º Acto.

Cenário: um espelho a toda a largura e altura do palco, inclinado de forma a que os espectadores se possam ver reflectidos nele. Só que, ao contrário do 1.º Acto, a plateia está onde era o palco e o palco onde era a plateia.

Entre a assistência, alguns actores, não identificados, improvisam. Conversam com os verdadeiros espectadores, deixando-os depois a falar entre eles.

FIM.

À saída, os espectadores que quiserem podem comprar os respectivos bilhetes. Não há lugares marcados.

102 - The Moon and The Melodies.

Harold Budd.

A banda sonora desta longa noite.

101 - Blog's Digest?

Um site onde se possa escolher os blogs que nos interessam. Depois, receber diariamente todas as mensagens que foram inseridas nesses blogs ao longo do dia.
Ah!, life could be so simple...

100 - Home delivery! Free!

Para comemorar, a partir de hoje pode receber em casa, gratuitamente, as mensagens afixadas. Basta inserir o seu endereço de correio electrónico no espaço reservado para o efeito.

99?

- Yes, Max?

98 - T V F?, part II.

O #97 é Verdadeiro.

97 - T V F?

O #98 é Falso.

96 - Aforismos*.

The highest quality of attention we may give is love.

*in Guitar Craft.

95 - Lestaulante chinês

(Este blog parece-se cada vez mais com a lista de um restaurante chinês):
- N.º 94?
- Não, obrigado.

94 - Ou?

Ou se guia, ou se é guiado.

93 - Tao Te Ching (3)

If you overesteem great men,
people become powerless.
If you overvalue possessions,
people begin to steal.

The Master leads
by emptying people's minds
and filling their cores,
by weakening their ambition
and toughening their resolve.
He helps people lose everything
they know, everything they desire,
and creates confusion
in those who think that they know.

Practice not-doing,
and everything will fall into place.

08 setembro 2003

92 - Ah!... Office, sweet office!

Where ignorance is bliss, 'tis folly to be wise (Thomas Gray, 1716-1771).

91 - O meu haiku preferido (rerun).

余命いくばくかある夜短し

90 - Economics anyone?

When Albert Einstein died, he met three Portuguese in the queue outside the Pearly Gates. To pass the time, he asked what were their IQs.
The first replied 190. "Wonderful," exclaimed Einstein. "We can discuss the contribution made by Ernest Rutherford to atomic physics and my theory of general relativity". The second answered 150. "Good," said Einstein. "I look forward to discussing the role of Portugal's nuclear-free legislation in the quest for world peace". The third Portuguese mumbled 50. Einstein paused, and then asked, "So what is your forecast for the budget deficit next year?"
(Adapted from Economist June 13th 1992, p. 71).

89 - Aforismos*.

O sofrimento é a nossa experiência da distância que separa aquilo que somos daquilo que gostariamos de ser.

*in Guitar Craft.

88 - Tao Te Ching (2)

When people see some things as beautiful,
other things become ugly.
When people see some things as good,
other things become bad.

Being and non-being create each other.
Difficult and easy support each other.
Long and short define each other.
High and low depend on each other.
Before and after follow each other.

Therefore the Master
acts without doing anything
and teaches without saying anything.
Things arise and she lets them come;
things disappear and she lets them go.
She has but doesn't possess,
acts but doesn't expect.
When her work is done, she forgets it.
That is why it lasts forever.

07 setembro 2003

87 - 11 de Setembro.

Duelos Imprevistos: Mário Soares e José Pacheco Pereira. A seguir. Na SIC Notícias.

86 - So true

Life is what happens to you
While you're busy making other plans

John Lennon, in Beautiful Boy

85 - Arbeit Macht Frei?



84 - Amanhã.

Acabam-se as férias.
Os meus colegas vão perguntar-me: "Então, essas férias??"
E eu: "Curti-as".

83 - Outro?!

Robert Wyatt (cf. #63) vai ter mais um CD editado este mês: Solar Flares Burn For You.

82 - Uma pequena história* sobre (...)

Despeje um pouco de água dentro de um copo. Depois coloque a habitual, eterna questão: "O copo está meio cheio ou meio vazio?".

Como responderia a esta questão um verdadeiro sage taoísta, de modo a transcender todas as outras respostas?

O sage não responde. Em vez disso, pega no copo, bebe um pouco, saboreia a água fresca que sacia a sede. Volta a colocar o copo no sítio e permanece em silêncio, talvez com um sorriso na face, enquanto os outros à sua volta se atropelam refazendo as estimativas de meio cheio para 1/4 cheio, ou de meio vazio para 3/4 vazio.

O sage sabe que a essência da vida é para ser vivida, não debatida. O copo e a água têm um propósito bem definido, que é o de saciar a sede. Tentar decidir se está meio cheio ou meio vazio não contribui, em nada, para esse propósito. Pelo contrário, apenas interfere e adia o objectivo final que é o de sorver a água fresca em goles revigorantes.

* traduzida.

81 - Tao Te Ching (1)

The tao that can be told
is not the eternal Tao.
The name that can be named
is not the eternal Name.

The unnamable is the eternally real.
Naming is the origin
of all particular things.

Free from desire, you realize the mystery.
Caught in desire, you see only the manifestations.

Yet mystery and manifestations
arise from the same source.
This source is called darkness.

Darkness within darkness.
The gateway to all understanding.

80 - Beware!

University polishes pebbles and dims diamonds!

79- I want my Ph.D.!

Ph.D. online.

05 setembro 2003

78 - By This River*

Here we are
Stuck by this river,
You and I
Underneath a sky that's ever falling down, down, down
Ever falling down.

Through the day
As if on an ocean
Waiting here,
Always failing to remember why we came, came, came:
I wonder why we came.

You talk to me
as if from a distance
And I reply
With impressions chosen from another time, time, time,
From another time.

* in Before and After Science, de Brian Eno.


77 - A Macro e a Microestupidologia.

Do corpo axiomático referido no #76, resultou este interessantíssimo ensaio.

76 - As Leis Fundamentais da Estupidez Humana*

1.ª Lei - Cada um de nós subestima sempre e inevitavelmente o número de indivíduos estúpidos em circulação.

2.ª Lei - A probabilidade de uma certa pessoa ser estúpida é independente de qualquer outra característica dessa mesma pessoa.

3.ª Lei - Uma pessoa estúpida é aquela que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si ou podendo até vir a ter um prejuízo.

4.ª Lei - As pessoas não estúpidas subestimam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem-se constantemente que em qualquer momento, lugar e situação, tratar e/ou associar-se com indíviduos estúpidos revela-se infalivelmente um erro que se paga muito caro.

5.ª Lei - A pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigosa que existe.

Corolário: O estúpido é mais perigoso que o bandido.

* in Allegro Ma Non Troppo, de Carlo M. Cipolla.

75 - Get your Cotton picking fingers ready

Segunda-Feira, dia 8, é posto à venda o DVD do fabuloso Cotton Club, de F.F. Coppola.

03 setembro 2003

74 - Modelo & Detective

A rever, sempre, na SIC Mulher.

73 - Yes, Minister

A rever, sempre, na BBC Prime.

72 - Liberal...ma non troppo

Porque há tantos liberais (?) a criticar a fixação do Governo no valor de 3% para o deficit ? A mão invisível não chega? É preciso uma ajudinha, é?

71 - Silêncio!

Quanto menos se sabe sobre um assunto, mais se opina sobre ele.

70 - Entropia.

Quanto menos se sabe sobre um assunto, mais se opina sobre ele.

69 - Lei do ruído.

Quanto menos se sabe sobre um assunto, mais se opina sobre ele.

68 - Chapeau, mon vieux C.R.!

Pior que um estúpido, só um estúpido activo.

02 setembro 2003

67 - It's good to be back home...

Agora, dormir.

66 - CCPB no CCB

O concerto comentado de Pedro Burmester no CCB, no próximo dia 27, já está esgotado!

65 - Am I a hologram?

Dunno... Who cares? No correio, a "Scientific American" de Agosto. O universo é um holograma?

64 - The Talking Head strikes again.

E "The Wire" diz também que David Byrne tem um novo CD - Lead Us Not Into Temptation - e um livro(+DVD): Envisioning Emotional Epistemological Information. Say what?!

63 - A voz mais triste do mundo (Ryuichi Sakamoto dixit)

Ainda no correio: "The Wire" de Setembro. Onde se diz que Robert Wyatt tem um novo disco: Cuckooland. Imprescindível!

62 - Uma tarde em Itapoã #2

Tarde em Itapuã.
(Vinícius de Moraes / Toquinho).

Um velho calção de banho,
O dia pra vadiar,
Um mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar.
Depois, na praça Caymmi,
Sentir preguiça no corpo,
Em uma esteira de vime
Beber uma água de côco,
É bom.
Passar uma tarde em Itapoã,
Ao sol que arde em Itapoã,
Ouvindo o mar de Itapoã,
Falar de amor em Itapoã.
Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha,
Argumentar com doçura
Com uma cachaça de rolha.
E com olhar esquecido
No encontro de céu e mar,
Bem devagar ir sentindo
A terra toda a rodar,
É bom.
Passar uma tarde em Itapoã,
Ao sol que arde em Itapoã,
Ouvindo o mar de Itapoã,
Falar de amor em Itapoã.
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz,
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais.
E nos espaços serenos
Sem ontem, nem amanhã,
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapoã,
É bom.
Passar uma tarde em Itapoã,
Ao sol que arde em Itapoã,
Ouvindo o mar de Itapoã,
Falar de amor em Itapoã .


61 - Uma tarde em Itapoã

É bom chegar a casa e ter, no correio, a caixa (Ed. limitada) de 5 CD "O Som do Barzinho", de Renato Vargas.

60 - Home is where your heart is

De regresso a Lisboa, depois de 18 dias de Algarve. Ainda tenho até Domingo para recuperar das férias.