09 setembro 2004

Bem conservado.



A cidade italiana de Florença comemora, a partir desta quarta-feira, o 500º aniversário da escultura de Davi. A programação especial deve durar nove meses e inclui shows, exposições e fogos de artifício. "Ao invés de enviá-lo para um asilo, estamos enviando Davi de volta ao trabalho", afirma Franca Felletti, diretora da instituição que o abriga, a Galleria dell'Accademia.

Esculpida por Michelangelo entre 1502 e 1504 a partir de um único bloco de mármore, a obra foi exibida ao público florentino pela primeira vez em 8 de setembro de 1504. Ela foi colocada no interior da Galleria dell'Accademia, em Florença, há apenas 131 anos. Antes disso, ficou exposta ao ar livre na Piazza della Signoria, que hoje abriga uma cópia. No último ano, o Davi passou por um delicado processo de limpeza. Usando água destilada, pesquisadores especializados conseguiram retirar a sujeira acumulada por séculos sem grande interferência na obra de arte. Pequenos "consertos" também foram feitos.

'Dedos tortos' - O aniversário, no entanto, não traz apenas boas notícias. De acordo com um especialista em reeducação postural, o Davi pode não ser um exemplo de perfeição física."A pélvis dele está totalmente errada, voltada para a frente e apoiada em um só quadril", afirma Alan Herdman, o pioneiro da técnica Pilates. Para ele, Michelangelo tinha poucas noções sobre a boa postura e conhecimento do corpo. "Quando estiver na privacidade do banheiro da sua casa, tente reproduzir esta postura e verá que ela não é nada agradável", sugeriu.

Herdman critica os dedos ("ligeiramente tortos", o que revelaria músculos fracos no pé esquerdo), as nádegas do lado direito (que "não são suficientemente fortes"), a distrubuição do peso pelo corpo ("totalmente errada"), os tornozelos ("fracos") e a flexibilidade ("a mesma de uma estátua de mármore de 500 anos de idade"). Para o especialista, o conjunto de erros posturais faria com que Davi tivesse dores nas costas e um lado do quadril mais fraco do que o outro.

in Veja

E o Senhor, Alan Herdman, como estará daqui a 500 anos?